quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

A enfermagem gerontológica: os desafios na prática do cuidado ao idoso.

A longevidade adquirida por meio de melhor qualidade de vida da população - através da maior urbanização das cidades, melhoria da higiene pessoal, das condições sanitárias e das condições ambientais no trabalho e nas moradias - vem proporcionando o envelhecimento da população brasileira (ARAÚJO et al., 2003).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) entre 1950 a 2025 a população brasileira de idosos crescerá 16 vezes, enquanto que a população total crescerá cinco vezes, com isso é provável que em 2025 o Brasil tenha a sexta maior população idosa do mundo, com aproximadamente 32 milhões de pessoas pertencentes a esse grupo etário, a partir disso surge a necessidade de os profissionais de saúde colocarem em prática as políticas públicas voltadas a pessoa idosa (BRASIL, 2002).
A atenção à saúde do idoso deve firmar-se na atenção básica, através das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Saúde da Família (USF), promovendo ações de prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, assegurando todos os direitos de cidadania, defesa de sua dignidade, bem-estar e direito à vida (BRASIL, 2006; BRASIL, 2006b; BRASIL, 2002).
A enfermagem gerontológica é a que especializa nos cuidados do idoso, e deverá possuir profissionais aptos a desenvolver atitudes efetivas e de impacto na atenção à saúde do idoso. A gerontologia cuida da personalidade e da conduta dos idosos, levando em conta todos os aspectos ambientais e culturais do envelhecer. A assistência prestada à pessoa idosa está diretamente ligada às suas necessidades de saúde, cuidados e bem-estar. A equipe de enfermagem deve identificar e avaliar suas necessidades para maximizar suas condições de saúde, minimizar as perdas e limitações, facilitar diagnósticos e auxiliar no tratamento, proporcionar conforto quando o idoso apresentar angústias e fragilidades (DUARTE, 2002; CANÇADO, 2002).
Na perspectiva de melhorar esse cuidado e atenção, são realizados cursos específicos, como o Curso de  Atenção Integral à Saúde da Pessoa Idosa, fornecido pelo UNA-SUS que em apenas dois dias de inscrição superou o número de 1000 profissionais de saúde matriculados. Na própria Escola de Enfermagem, temos o NESPI, Núcleo de Estudos e Pesquisa do Idoso que desenvolve pesquisas e trabalhos comunitários na área da gerontologia.

Referências:
______. Ministério da Saúde. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Cadernos de Atenção Básica, on line Brasília, n.19, 2006. Disponível em:. Acesso em: 20 mar. 2007.
______. Portaria n° 2.528, de 19 de outubro de 2006a. Dispõe sobre a política nacional de saúde da pessoa idosa. Brasília. Ministério da Saúde. Disponível em:. Acesso em: 13 jul. 2007.
______.Ministério da Saúde. Redes Estaduais de Atenção à Saúde do Idoso: guia operacional e portarias relacionadas. Brasília, 2002. Disponível em:. Acesso em: 20 mar. 2007.
CANÇADO, Flávio Aluízio Xavier et al. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

DUARTE, Yeda Aparecida de Oliveira. Princípios de Assistência de Enfermagem Gerontológica. In: PAPALÉO NETTO, Matheus. Gerontologia: A Velhice e o Envelhecimento em Visão Globalizada. São Paulo: Atheneu, 2002.

Responsável pela publicação: Grupo 05 (Monalisa Oliveira, Ruth Francielle, Samantha Rocha)

8 comentários:

  1. Estudar ou conhecer o processo de envelhecimento é um exercício enriquecedor para todos, assim como se imaginar velho dá condições de ter uma ideia de qual seria sua dificuldade, limitações e futuros desamparos na saúde, doença, no cuidado e no afeto. Se imaginar na velhice é um exercício de empatia e uma tomada de consciência do caminho que há de ser percorrido e que seu fim é a morte. No Brasil a discussão sobre gerontologia não chegou a tempo de prever ou diminuir o descaso diante da velhice, no entanto, o caminho deve ser crescente no estudo/pesquisa/formação que cresce na medida da necessidade do mercado de trabalho.

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  2. De fato, é necessário ter uma maior aproximação com o cuidado dos idosos, já que naturalmente, a população tende a se estabilizar e ter uma base média de idosos. Até porque os idosos enfrentam dificuldades diariamente seja na saúde, locomoção, com infraestrutura da cidade e das suas residências. Logo, é necessário discutir sobre o envelhecimento da população brasileira que já esta se realizando, sobre as dificuldades que precisam ser vencidas. No entanto, podemos afirmar que apesar das poucas discussões que tem tido, estamos progredindo de forma positiva devido à abordagens nas instituições de ensino superior, principalmente em cursos da área de saúde, que nas unidades de atendimento os profissionais terão bastante contato com idosos.

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  3. Mais uma área de atuação para conhecer e estudar melhor. A cada dia mais interessada pela profissão...

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  4. Cuidar já é uma tarefa difícil, se tratando de idosos, a conquista pela confiança para estabelecer a relação do cuidado é ainda maior. Para realizar essa tarefa, o profissional, além de possuir características de sua própria personalidade que tendam a facilitar essa relação, precisa se especializar e buscar formas de facilitar esse trabalho. Cursos do UNASUS são muito interessantes e estão disponíveis gratuitamente para os interessados, vale a pena conferir!

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  5. Me surpreendi com o aumento da população idosa no Brasil ao mesmo tempo que me levou a uma reflexão Será que realmente estamos cuidando melhor dos nossos idosos ou eles que cada vez mais estão procurando pelo bem-estar?. Já que visando o SUS ainda constitui um grande desafio em demanda e fortalecimento da rede de atenção básica. Fiquei feliz em saber que em nossa Escola tem um espaço para abordagem mais profunda desse tema e que os questionamentos e discussões também contribui para evidenciarmos as ineficiências das coberturas assistenciais governamentais e até possíveis intervenções mas creio que um possível desafio seja colocar o cuidado ao idoso como um interesse do coletivo.

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  6. É de se esperar que a população idosa cresça no Brasil. Porém o Estado deve investir efetivamente em ações publicas e sociais, inserindo cada vez mais o idoso em tais âmbitos. Mas, também é muito importante o investimento em condições ambientais de saúde. Sabemos que nas grandes cidades os níveis de poluição do ar e de outros elementos é exorbitante, assim, medidas que possam melhorar tal realidade devem ser estudadas. Desta forma o importante é envelhecer com saúde e em harmonia com o ambiente.

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  7. A maior expectativa de vida é um aspecto positivo dentro da sociedade, tendo em vista que significa melhorias nas condições de vida da população. Porém, dentro dessa positividade da longevidade adquirida, entram as questões de saúde, tendo que vista que os idosos tornam-se dependentes dos cuidados à sua saúde. Portanto, um dos desafios encontrados dentro da enfermagem gerontológica é o conhecimento dos cuidados específicos dentro das multidimensionalidades do envelhecimento e dos variados graus de dependência do idoso. Por ser um paciente, na maioria das vezes, com muitas limitações o número de profissionais especializados nessa área torna-se reduzido, visto que o trabalho se torna um exercício diário da compreensão e do respeito pelos mais velhos. E por fim, é possível perceber que há características da sociedade atual que aumentam ainda mais a complexidade do atendimento aos idosos. Por exemplo, no momento que os pais envelhecerem, os filhos, normalmente, já estão trabalhando, e, como geralmente acontece, sem tempo para administrar os cuidados que os idosos exigem. Com isso a relação pessoal que o idoso estabelece com os profissionais de enfermagem tornam-se mais extensas: alguns idosos querem apenas uma boa conversa, outros querem apenas que se sentir amados, dentre outras expressões da carência. Podendo, assim, afirmar que geralmente a necessidade do cuidado ontológico supera a do cuidado técnico.

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  8. A autonomia é uma das características mais preciosas que um ser humano pode ter. Porém, quando se envelhece é uma característica perdida em pouco tempo. Todos os que estão ao redor do idoso o nomeiam como incapaz de tomar decisões e sempre atropelam as suas vontades.
    Lembro-me de uma história de uma professora que dizia que quando chegava na casa da mãe dela sempre encontrava a avó com meias e casaco, sendo que em Salvador o calor é desesperador. Então, ela perguntava se a senhora estava com frio, e a partir da negativa ela tirava as meias e o casaco e a questionava porque ela estava vestida dessa maneira, ouvindo a resposta que tinha sido a mãe da professora que a havia vestido daquela maneira.
    Muitas vezes não sabemos lidar com idosos. Para nós é óbvio que eles precisam de ajuda, mas precisamos aprender o limite desse auxílio. Por trás de uma idade ou de uma doença existe um ser humano com desejos e anseios que não são iguais aos nossos. Não cabe a mim ou a você decidir o que é melhor para o outro em todos os momentos.
    O setor público, através das políticas de cuidado ao idoso precisa levar esses aspectos em consideração para desenvolver um bom atendimento. O cuidado é fundamental, mas ele precisa estimular no idoso uma vontade própria de se cuidar e de aceitar o cuidado de outro para que se tenha uma velhice de qualidade e com capacidade mental de decisões.

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