A disparidade nos
salários entre homens e mulheres é um assunto já bem conhecido. O salário baixo
na área de enfermagem também - inclusive, já foi falado aqui no blog. No
entanto, a disparidade nos salários entre homens e mulheres na área de
enfermagem é algo que ainda não teve bastante atenção.
Em novembro de 2015,
uma matéria do g1 apresentou que as mulheres estavam trabalhando “de graça”. O
cálculo foi realizado com base em dados do IBGE e por uma especialista, que
levou em conta a diferença salarial para mostrar que, ao comparar com a
hipótese de mulheres ganharem o mesmo que homens, as mulheres só estariam sendo
pagas por 291 dias por ano.
“Ah, decerto existem
menos mulheres qualificadas, com ensino superior, do que existem homens com a
mesma qualificação.” Errado.
Não é possível usar
questão de escolaridade para argumentar contra esse estudo. Outro estudo,
realizado pelo Inep, no ano de 2015, mostrou que mulheres são grande maioria
tanto no ingresso quanto na conclusão de cursos de ensino superior. No entanto,
quanto mais uma mulher é escolarizada, menos ela recebe em comparação aos
homens com o mesmo nível de estudo. Mesmo quando existem mais mulheres
qualificadas, homens ocupam maior parte das vagas e são pagos mais.
“Okay, mas como isso
se aplica à enfermagem?”
Vamos comparar a
enfermagem com a medicina por um minuto. A enfermagem é uma área
predominantemente atuada por mulheres. A medicina predominantemente atuada por
homens. Qual a que paga menos? A que é mais desvalorizada?
Não só isso.
Um estudo realizado
pelo Journal of the American Medical Association, em 2015, mostrou que homens
ganham mais que mulheres até nas áreas nas quais são minoria - uma delas sendo,
obviamente, enfermagem. Outro estudo, realizado por Paula England, professora
de Sociologia, mostrou que qualquer profissão que envolva cuidar de outras
pessoas - como, por exemplo, enfermagem ou professora de pré-escola,
predominante de mulheres - pagam menos.
É evidente a
disparidade de salários entre homens e mulheres até dentro da enfermagem, e
este é um problema muitas vezes esquecido ou mascarado.
Responsável pela publicação: Grupo 06 (Nívea Belém
e Diane Evangelista)
Eu estava fazendo o mapeamento de alguns distritos de Salvador,junto com alguns colegas de enfermagem sobre homicídio relacionando com algumas variáveis e uma delas era a escolaridade e percebi que a maioria das mulheres tem sim um nível maior de escolaridade que os homens e mesmo assim nós ganhamos menos. A enfermagem, por ser uma profissão predominantemente feminina, não ficaria de fora dessa realidade. A questão do salário é fortemente relacionada a questão de gênero, que é ligado ao machismo ,de achar que os homens são os provedores das casas, trabalham mais e são melhores que as mulheres no mercado de trabalho. Mas o engraçado é que ,neste século,as mulheres estão adentrando em todas as áreas, o que será que vai acontecer com todas essas profissões que estão deixando de ser predominantemente masculinas?
ResponderExcluirProvoca grande indignação realidades como essa. São regulares as notícias sobre os menores salários entre mulheres e homens, mesmo sendo muitas vezes, melhores em cumprimento de funções e destaques nas suas áreas, as mulheres continuam ganhando menos do que os "grandes provedores das casas". Mas o que nós fazemos para combater essa realidade? Precisamos de mais união e luta pela exigência nossos direitos, não só na igualdade salarial, mas nas vivências diárias do domínio social machista.
ResponderExcluirConcordo com Rebeca. O nível de escolaridade das mulheres sempre é mais alto do que as dos homens, antes eu não entendia o porquê dos homens sempre se sobressaírem e terem salários e prestigio muito maior que nós mulheres. Mas lendo Colliére, eu pude entender que essas disparidades são históricas, e que as mulheres, mesmo sendo detentoras de grandes conhecimentos, nunca foram valorizadas como deveriam. Hoje em dia é raro nós encontrarmos mulheres como grandes lideres. E quem sai perdendo é a sociedade em geral, porque as mulheres são capazes, e historicamente, muito mais sábias e com habilidades muito mais desenvolvidas do que as dos homens.
ResponderExcluirNão acredito que isto seja um problema esquecido, nem mascarado. A verdade é que quando o assunto é mulher há um descaso tão grande que parece desdém. Feminicídio, violência doméstica, violência sexual, violência obstétrica, discriminação social (lê-se misoginia)...
ResponderExcluirSe um deputado federal foi capaz de proferir que uma mulher não merece ser estuprada em plena Câmara, se uma pesquisa mostra que homens acreditam que uma mulher que vai para o carnaval não é “direita", e mais, se uma mulher que tem os mesmos padrões morais de um homem na nossa sociedade é violentamente marginalizada, por que vocês acreditam que os baixos salários caracterizam uma situação problemática para eles?
Para mim os governantes são complacentes com o tratamento destinado a mulher, mesmo que seja ilegal, já que perante a constituição no artigo 7°, XXX : “Proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.” E as mulheres, por sua vez, estão divididas, umas lutam pela equidade, outras, por ignorância, ingenuidade, ou submissão se omitem ou criticam a luta. Mas se utilizarmos a constituição como respaldo para questionamentos não iria faltar desacordos a serem debatidos.
Como sabemos, ainda temos muitas conquistas pela frente. A poucas décadas atrás não podíamos votar, nem trabalhar. As mulheres consideradas dignas eram as conhecidas como "recatadas e do lar", ou seja, viviam em casa, cuidando dos afazeres domésticos, dos filhos e sempre estavam submissas e disponíveis ao marido.
ResponderExcluirDe lá para cá já conquistamos muitos espaços, mas a luta não acabou. Ainda recebemos salários menores e somos vistas como inferiores a homens mesmo sendo maioria em muitas profissões.
Na enfermagem, precisamos nos engajar, precismos participar de espaços de discussões e precisamos encarar esse sistema preconceituoso. Se formos politizadas poderemos ter mais argumentos para combater o machismo e a discriminação.E unidas venceremos mais batalhas.