Em dezembro de 2014 o Ministério Saúde
lançou uma campanha contra o racismo institucional no SUS. Pouco citado (ou nem
isso) dentro das academias e em formações para profissionais (reuniões de
sindicato, congressos, palestras, simpósios, etc.). O assunto tem consequências
em que não só causa as doenças, mas promove sofrimento e morte.
O
termo “racismo institucional” foi definido pelos integrantes do grupo Panteras
Negras, para dizer como o racismo de estruturava nas organizações e
instituições. Para Stokely Carmichael “trata-se da falha coletiva de uma
organização em prover um serviço apropriado e profissional às pessoas por causa
de sua cor, cultura ou origem étnica” (GELEDÉS –
INSTITUTO DA MULHER NEGRA, 2017). Jurema Werneck definiu como um “modo
de subordinar os direitos e a democracia às necessidades do racismo” (GELEDÉS – INSTITUTO DA MULHER NEGRA, 2017).
O
racismo institucional na saúde se estrutura de diversas formas como, por
exemplo: na omissão de cuidado, na
informação não passada ou passada de forma equivocada/incompleta, na negligência
durante o atendimento e na negativa de acesso. Os pretos e pardos tendem a
procurar menos os serviços de saúde, quando procuram tem maior probabilidade de
não ser atendidos e quando são saem mais insatisfeitos. Um caso bem importante
e não é dada a atenção devida pelos médicos clínicos nas emergências é a anemia
falciforme que é uma doença grave e pode ser diagnosticada no teste do pezinho
feito logo no nascimento do bebê e tem uma incidência de 6a 10%
enquanto na população branca fica entre 2 e 4%. Na saúde da mulher os impactos
vão desde a dificuldade para realizar uma mamografia. “Segundo a PNAD de 2008, 40,9% das mulheres
pretas e pardas acima de 40 anos de idade jamais haviam realizado mamografia em
suas vidas, frente a 26,4% das brancas na mesma situação” (GELEDÉS, 2017 apud Paixão etalli, 2011: 19). Até
nos casos de aborto em que as mulheres negras é a grande maioria que vai a
óbito por realizar o procedimento de forma ilegal, insegura e precária.
“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela... Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda
por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar.” Nelson Mandela
(1918-2013).
Somos
reflexos daquilo que em nós foi construído desde o nascimento. O que comemos,
vestimos, falamos... Tudo foi socialmente construído culturalmente e faz parte
de nós. E quando nos damos conta, já estamos formados e somos assim: fruto de
um contexto social. Como disse Mandela, o racismo é aprendido... E o que é
construído pode ser desconstruído também. Um racismo que tem se estendido as
mais diversas instituições na sociedade e tem levado muitos ao sofrimento por
está presente no serviço de saúde que se é prestado a população. Serviço que
nasceu de lutas da população pelo seu direito a saúde, e existe para beneficiar
a população.
É
importante que nós, estudantes da área de saúde e futuras (os) enfermeiras
(os), fiquemos atentas e atentas (os) enquanto o tipo e a qualidade de serviço
que será prestada a população economicamente vulnerável. Que é composta majoritariamente por pretos e
pardos, não julgando ou deduzindo os motivos que o levaram estar ali. A partir
do momento em que o indivíduo se torna paciente é necessário que se dê um
atendimento humanizado com observação das suas subjetividades.
Referências:
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE.
.Campanha mobiliza a população contra o racismo no
SUS. 2014. Disponível em: <http://www.blog.saude.gov.br/index.php/34777-campanha-mobiliza-a-populacao-contra-o-racismo-no-sus>.
Acesso em: 15 mar. 2017.
GELEDÉS – INSTITUTO DA MULHER
NEGRA (Brasil). Guia de enfrentamento do racismo
institucional. Disponível em: <http://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2013/12/Guia-de-enfrentamento-ao-racismo-institucional.pdf>.
Acesso em: 15 mar. 2017.
Responsável pela publicação: Grupo 12 (Izis Lima, Jessica Frexeira, Talita Gonçalves)