segunda-feira, 13 de março de 2017

ABANDONO DE IDOSOS NO BRASIL

O Brasil está envelhecendo, isso significa que a população brasileira tem um grande número de idosos, e este número tende a crescer. Acredita-se que daqui a 20 anos a tabela etária brasileira irá virar de ponta cabeça, ou seja, teremos mais idosos do que crianças. Com o envelhecimento da população, há também o aumento de doenças características, como a Doença de Alzheimer, por exemplo. Mas será que a população, familiares e sistema Brasileiro estão preparados para lidar com idosos e suas patologias?

O aumento no registro de abandono e violência contra o idoso é alarmante, após um levantamento e comparação de dados, foi possível constatar um aumento de 16,4% no Brasil. No país onde abandono ao idoso é crime, muitos são os casos de tal ação, famílias abandonam seus idosos, usando desculpas como falta de tempo para dedicar cuidados a eles ou até mesmo o gasto com esses cuidados. O abandono em questão, não é apenas abandona-los em um lar para idosos, talvez essa seja a melhor opção para muitos, mas também o abandono em seu próprio lar, abandona-los de cuidados em geral, deixando-os vulneráveis à acidentes domésticos e outros mais. Mas então por que não leva-los a um lar para idosos? O custo de manter o idosos em um lar particular, a falta de acesso a lares públicos, o que nos leva a outro questionamento: Até onde o sistema Brasileiro se mostra, também, responsável pelo abandono dos nossos idosos? Particularmente não conhecíamos asilo/casa de repouso/abrigos/lar para idosos financiado pelo estado (públicos) em pesquisa realizada, pudemos perceber que eles existem, mas em número de demanda bem inferior ao da procura. Segundo um estudo realizado pela Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) temos em média 20 milhões de idosos no Brasil e possuímos cerca de 218 asilos públicos, número que não supre as necessidades existentes.

O envelhecimento é consequência da vida, caso a vida não seja interrompida “precocemente”, todos chegam a velhice.

Como se morre de velhice
ou de acidente ou de doença,
morro, Senhor, de indiferença.

Da indiferença deste mundo
onde o que se sente e se pensa
não tem eco, na ausência imensa.

Na ausência, areia movediça
onde se escreve igual sentença
para o que é vencido e o que vença.

Salva-me, Senhor, do horizonte
sem estímulo ou recompensa
onde o amor equivale à ofensa.

De boca amarga e de alma triste
sinto a minha própria presença
num céu de loucura suspensa.

(Já não se morre de velhice
nem de acidente nem de doença,
mas, Senhor, só de indiferença.)

Cecília Meireles


Referências:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672007000300004

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/07/1658430-registros-de-abandono-e-violencia-contra-idosos-no-pais-crescem-164.shtml

https://cronicasdeassis.wordpress.com/2014/02/18/como-se-morre-de-velhice-por-cecilia-meireles/

Responsável pela publicação: Grupo 11 (Andreza Siqueira, Natália Webler, Vitória Lopes).

9 comentários:

  1. Visitei o Lar Irmã Maria Luíza e saí de lá quase em depressão após passar a tarde ouvindo aquelas senhoras, abandonadas, doentes, e perceber que a maioria delas ainda tinha esperança da visita de um parente foi de cortar o coração. Quando puderem, reservem um tempo para fazer esse tipo de ação. Será de grande enriquecimento pessoal.
    Com relação ao governo, mais um problema deixado de lado. Mais uma situação que só será pensada quando acontecerem absurdos, quando o problema se tornar insustentável.

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  2. Realmente é muito triste a situação em que encontramos muitos idosos no Brasil nos dias de hoje. Com as desculpas do dia a dia corrido, filhos criados com toda a dedicação, passam a abandonar os pais e avós que viveram por eles. Vivemos numa sociedade que não valoriza os idosos, dizem que velho não serve pra nada, só pra dar trabalho e despesa, enquanto outros países como a China valorizam os idosos, idolatrando e respeitando todo o conhecimento e experiência de vida que são capazes de oferecer. Por isso, além de uma questão de ausência de políticas públicas que preservem na prática a vida dos idosos, temos uma questão cultural e enraizada de não valorização dos idosos. Portanto, cuide daqueles que um dia fizeram tanto por você, é o mínimo que merecem!

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  3. A questão do abandono a idosos no Brasil também está ligada a uma falta de preocupação da sociedade com o envelhecimento. Muitos pensam somente no agora e esquecem do futuro Qual a contribuição feita por nós na sociedade? Que mudanças buscamos para que mais tarde desfrutemos de boa saúde, aconchego familiar, cadeira de balanço? Concordo com Priscilla quando ela atesta que isto é também questão de uma cultura, a dor do abandono não reflete apenas materialmente mas psicologicamente.

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  4. A questão do abandono ao idoso é uma triste realidade. Mas o que achei interessante nesta postagem foi a forma da abordagem, pois o abandono realmente não está restrito ao familiar que deixa o idoso em uma casa de repouso, mas sim a indiferença, a falta da presença desse familiar. Esse é o pior dos abandonos. Lendo a postagem lembrei de uma senhora que conheço e que vive sozinha, deve ter quase seus 80 anos e já conversou comigo sobre como se sente em relação aos familiares dela. É muito triste essa indiferença, principalmente quando se foi, por exemplo, uma tia presente. E agora, que é o momento do "outro lado da moeda" se fazer presente, não o faz. São essas faltas que um bom governo deveria tentar amenizar, com a criação de mais casas de rEpouso/asilo públicos, talvez aí o grande custo de manter o idoso em um lar particular não seja mais desculpa para o abandono.

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  5. Quando tive a oportunidade de visitar o abrigo Dom Pedro II pude ter contato com o abandono de forma muito particular. Puder conversar com os idosos residentes lá e com as Irmãs que estavam gerindo o abrigo naquela época, e o que eu pude constatar é que o abandono aparece de forma muito triste na vida daqueles idosos, e de tantos outros, de forma explicita e implicita. Muitos deles passam anos sem receber uma visita de seus familiares e pior que isso, o Estado que deveria olhar para essa população os abandona também, negando recursos para manter o abrigo. O que eu observei estando lá é que ninguém se importa com aqueles que tanto já contribuiram. E isso é triste. Porque vivemos em um sociedade que não valoriza quem já fez muito por ela.

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  6. Na condição de país emergente, o Brasil, tende a enfrentar problemas já estabelecidos em países desenvolvidos. A mudança no formato da pirâmide etária traz à tona problemáticas para as questões sociais e para as condições de saúde da população. No entanto, como intervir perante a um abandono? Será que responsabilizar judicialmente a família do idoso por este resolveria a situação? Será que a criação o condicionamento da independência e opções de atividades para os idosos concomitantemente seria cabível no contexto de sociedade brasileiro??

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  7. Tudo isso faz a gente pensar que existe hoje um acréscimo significativo da população idosa, como resultado do aumento da expectativa do tempo de vida do ser humano. A sociedade não se preparou para acolher as pessoas idosas, tornando-se, em alguns casos, um problema tanto para as políticas governamentais (saúde pública e previdenciária) colocando em discussão a estrutura assistencial do Estado, quanto para as próprias famílias. Estas com seus elementos voltados ao mercado de trabalho e, portanto, para a sobrevivência, não possuindo muitas vezes nem tempo e nem recursos financeiros para assisti-los.
    Esse é um problema de muita importância e que devemos dar mais valor e ser mais discutidos, pois um dia vamos chegar lá.

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  8. É triste a realidade da maioria dos idosos no Brasil, são pessoas que lutaram a vida toda, cuidaram da sua família, e no momento na qual merecem mais atenção são abandonadas em lares de acolhimento, e nem se quer recebem visitas desses familiares, o que os tornas idosos tristes, com depressão e sem vontade de viver.

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  9. Cuidar de um idoso requer uma grande dedicação e abnegação.
    Muitas famílias (a maioria) não estão dispostas a abnegar alguns pontos da sua vida para se dedicar ao outro. O mais frustrante nessa situação é que muitas vezes os abandonados são aqueles que dedicaram toda a sua vida para cuidar dos filhos e dos netos.
    A depressão é uma doença bastante presente na população idosa. Visitando asilos pude perceber que a única coisa que eles pedem é carinho e atenção. A grande maioria que convivo não reclamam da saúde, nem das condições de vida (olhe que essas não são tão boas), mas sim, sentem falta da família e dos amigos.
    Todos precisamos ter consciência que um dia envelheceremos, como afirma o poema de Cecília Meireles. Será que o que esperamos para o nosso futuro é o abandono? E por que abandonamos?

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