Há
estudos que apontam médicos e enfermeiros como mais suscetíveis à dependência
de determinadas drogas devido à maior possibilidade de autoadministração, pois
têm livre acesso a essas substâncias em seu cotidiano de trabalho, sendo
responsáveis ainda pelo seu armazenamento e controle. Muitas vezes as drogas
são utilizadas na tentativa de minimizar ou reverter a síndrome de desgaste
profissional. Com isso desenvolvem outros desequilíbrios e infringem os
preceitos éticos e estéticos da profissão, pois o efeito da droga altera o
comportamento, o raciocínio lógico, a tomada de decisões e a execução de
procedimentos especializados, colocando em risco a vida das pessoas sob seus
cuidados e comprometendo a sua própria saúde.
Ainda
se destacando entre eles os profissionais de enfermagem, que detêm os
conhecimentos sobre os efeitos diretos e indiretos dessas substâncias e das
consequências que o uso das drogas lícitas pode trazer para a sua saúde e para
a sociedade. Em um estudo sobre o uso de drogas na enfermagem, identificou - se
que a maioria dos usuários desenvolviam uma segunda jornada de trabalho no lar,
não praticavam lazer e apresentavam sentimentos positivos em relação ao trabalho;
todavia, consideravam o ambiente de trabalho estressante. Falavam que conheciam
os efeitos dos psicofármacos e consideravam os problemas psíquicos o fator
principal para o uso dos mesmos. Porém, relatavam que o motivo dos problemas
eram a família dos sujeitos usarem psicofármacos, sendo que os ansiolíticos
foram os mais usados, a maioria com prescrição médica.
Num
estudo realizado em um hospital universitário para identificar o nível de
estresse e os transtornos psicossomáticos auto atribuídos, constatou-se que os
fatores desencadeadores de estresse foram: o controle excessivo por parte da
instituição; dificuldades nas relações interpessoais; inobservância da ética
pelos colegas; atividades rotineiras e repetitivas; excessivo número de
pacientes; clima de sofrimento e morte; salários insuficientes; falta de lazer;
falta de apoio e reconhecimento pela instituição entre outros. Os sintomas
psicossomáticos predominantes foram: cansaço, tensão muscular, nervosismo,
irritabilidade, dor lombar, ansiedade, tensão pré-menstrual, cefaleias,
problemas de memória, depressão, entre outros. Diante desses resultados,
observa-se a necessidade de se buscar estratégias para reduzir os fatores de
estresse no trabalho, promovendo a saúde e qualidade de vida do trabalhador.
Comentário:
A jornada de trabalho exaustiva vivida pelos profissionais
da área de saúde não é nada novo, sabe-se a muito tempo que essa é uma área de
atuação estressante e desgastante, principalmente para as enfermeiras, que
recebem salários indignos enquanto
exercem trabalhos pesados, nem ao menos existe um piso salarial para essas
profissionais.
Na tentativa de aliviar todas essas
frustrações profissionais, e de certo modo pessoais, muitas (os) dessas (os)
profissionais usam de meios indevidos e prejudiciais para sua saúde e de seus
pacientes, começam a buscar alívio por meio do uso de drogas lícitas e
ilícitas, seja as quais tem acesso no meio de trabalho, como antidepressivos e
narcóticos, ou encontradas no meio social, álcool, maconha, cocaína, dentre
outros.
Isso
remete a uma reflexão sobre as condições de trabalho com carga horária
excessiva, desrespeito seja por pacientes, por superiores ou colegas de
trabalho e o que se deve fazer perante isso. Leva a indagar a importância de
consolidar a lei das 30 horas semanais, a aprovação de um piso salarial e a
valorização do profissional, reconhecer suas ações e compreender que a
hegemonia (biomédico) não pode mais estar presente no ambiente de trabalho,
colocando um profissional acima do outro.
Não dá para continuar subentendendo
essa realidade, são fatos comprovados e mais do que nunca se faz necessária a
mudança desse cenário, atender as necessidades desses profissionais é pensar em
toda a sociedade que precisa do atendimento realizado pelos mesmos e assim uma
coisa vai levando a outra, é mudar algo pensando no geral. Além disso, é
fundamental que haja parceria no ambiente de trabalho, muitas vezes os colegas
percebem esses acontecimentos, mas se fazem indiferentes, ou por não quere
expor o colega, ou a instituição, mas isso precisa mudar para que seja possível
ajudar esses profissionais que estão fragilizados física e psicologicamente.
Responsável pela publicação: Grupo 05 (Monalisa Oliveira, Ruth Francielle, Samantha Rocha)
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ResponderExcluirConcordo com o texto, porque infelizmente, devido à rotina estressante, outras responsabilidades fora do ambiente de trabalho, junto com a falta de um lazer de qualidade tem feito o número de profissionais desenvolvendo depressão, ansiedade aumentar. Com isso, como diz o texto, é possível que tenha uma automedicação para tratar essas doenças, além de tentar minimizar o cansaço dos plantões. Logo, é importante consolidar uma carga horária que não seja muito pesada para o profissional, para que ele possa ter um descanso não só físico, mas também mental, assim como um piso salarial que valorize o seu serviço, já que ele investiu anos de estudos na sua profissão
ResponderExcluirEnquanto a saúde for vista como mercadoria, só vejo cenários como esse piorarem. Não acho que a hierarquização dos trabalhadores influencie tanto em seu comportamento em relação ao consumo de drogas, afinal são as mais diversas áreas da saúde que fazem isso. São as longas e/ou duplas jornadas, vários vínculos empregatícios, trabalho estressante que desenvolve transtornos mentais, entre outros.
ResponderExcluirÉ a hierarquização das corporações e desunião dos profissionais, que dá mais poder a quem já detém poder. Isso permite que os chefes, ou patrões, ou donos de hospitais ou quem quer que seja, explorem cada vez mais a saúde física e mental dos trabalhadores, usando sua força de trabalho para arrecadarem cada vez mais dinheiro, sem se importarem com o comprometimento da integralidade dos profissionais e, por consequência, dos pacientes. Afinal, com um mercado saturado, profissionais nunca irão faltar. Caso um quebre, basta substituir por outro, não é mesmo? O prejuízo certamente não se sobreporá ao lucro.
Eu acredito que um dos principais motivos para essa situação é as cargas horárias excessivas, além dos transtornos psicológicos que se desenvolvem no trabalho devido às muitas horas. Devido às facilidade de acesso e conhecimento dos medicamentos por parte dos profissionais, muitos deles acabam fazendo uso de vários tipos diferentes, como remédios que os deixem acordados ou que os ajudem a dormir, ou para tratar ansiedade, ou qualquer outro. A necessidade de ser eficiente num momento da economia em que há muita gente e poucos empregos levam as pessoas a tentarem dar o máximo de si e um pouco mais por medo de perder o emprego.
ResponderExcluirO profissional de saúde muitas vezes é visto como máquina, tendo cargas horarias abusivas e a ajuda de poucos funcionários para resolverem uma demanda muito grande de problemas, associado a isso o fato de problemas pessoais que muitas vezes interfere no trabalho e no desempenho psicológico. Assim alguns preferem se entregar a um "meio mais fácil" que ajude a aliviar sua sobrecarga. Enquanto o profissional não obtiver uma jornada de trabalho mais justa, um descanso apropriado, entre outras coisas que o ajudem a ter uma mente saudável, casos assim vão sempre se repetir
ResponderExcluirAs constantes modificações nas relações de trabalho e as tentativas de adaptar-se ao novo mercado cada vez mais exigente realmente contribui para o aumento de drogas principalmente por profissionais da área de saúde por sua facilidade ao acesso como já pontuado. Muitos por ter um maior conhecimento dos efeitos das drogas acabam por se automedicar mas esquecem os limites e os perigos dos usos abusivos de tais drogas comprometendo não somente seu desempenho profissional mas sua vida no âmbito social. Algumas políticas governamentais nas condições trabalhistas como já abordamos em outros temas poderão contribuir para a qualidade de vida do profissional, mas como bem colocado por Eduardo com um mercado saturado é bem mais fácil substituir um pelo outro
ResponderExcluirRetornamos ao pertinente assunto sobre a saúde dos profissionais, porém agora sob uma outra perspectiva. Para mim, esse uso abusivo de drogas torna-se ainda pior por parte dos profissionais pois esses tem acesso fácil aos medicamentos e às instruções de administração destes. Melhorias nas condições de trabalho e alertas sobre o problema dentro das instituições são formas de reduzir esses transtornos que levam os profissionais a abusarem das drogas.
ResponderExcluirAcredito que o profissional chega a tal ponto pela péssima qualidade trabalho e de vida. Os governantes do Brasil-governos e empresas-, não oferece para seus trabalhadores salários dignos que possibilitem a pessoa de viver bem trabalhando pouco. Com isso, os profissionais para conseguirem dar conta, principalmente os de saúde, se submetem as drogas para conseguirem funcionar por mais tempo ativos. E de extrema importância, se discuti esse assunto, pois médicos e enfermeiros estão morrendo por isso, esse assunto afeta a vida de quem cuida e de quem é cuidado.
ResponderExcluirGostaria de lembrar que o trabalho na saúde envolve sofrimento devido a sua natureza. As organizações públicas e privadas que empregam trabalhadores da enfermagem e outros da saúde devem proporcionar apoio psíquico e psicológico a quem trabalha. Pensem: uma enfermeira que trabalha na unidade de Saúde da família se defronta, cotidianamente com situações de violência, pessoas submetidas ao desemprego e miséria, falta de condições de trabalho. Como subsistir a tudo isso? Uso de drogas, lícitas ou não não é um "caminho fácil". mas como nos ensina a antropologia e os estudos nesse campo as pessoas buscam suas táticas de sobrevivência. Ainda que muitas dessas táticas nos leve a um ponto de chegada ainda pior. Então, enfrentar esse problema não pode ser apenas do campo da responsabilidade individual do trabalhador da saúde, certo?
ResponderExcluirComo a professora comentou, é extremamente importante que os profissionais de saúde possar ter apoio pisicolgicos, e também uma assistência médica de qualidade, o que infelizmente não é uma realidade. A maioria dos profissionais fazem uso de substâncias pisicoativas, para conseguir enfrentar os problemas do dia-a-dia, e até mesmo conseguir lidar com as dificuldades estruturais de seus locais de trabalho.
ResponderExcluirO texto inicia com a colocação de que médicos e enfermeiros estão propensos a utilização de remédios por conhecerem efeitos colaterais e utilização das medicações, mas é preciso analisar criticamente essa colocação, já que ninguém que conheça os efeitos colaterais dos remédios os tomaria se não tivessem reais necessidades para resolver algum problema. Os médicos e enfermeiros se automedicam à mesma proporção de que sofrem violências diversas nos seus locais de trabalho. Não há uma política ou uma preocupação real com a saúde e nem uma busca de melhorar as condições de trabalho com as quais essa categoria vive, quando falamos do cuidado das empresas públicas e privadas que contratam esses profissionais. A grande questão para refletirmos é: como o capitalismo neoliberal adoece os profissionais de saúde, fazendo-os buscar conforto e saúde nas medicações? Quais as consequências além deste adoecimento desses profissionais quando se pensa na qualidade dos serviços prestados e não cuidado com o paciente? Como pressionar de modo eficaz os nossos governantes a construírem uma política de valorização desses profissionais já que essa valorização não se dá apenas na melhora do salário mas principalmente com a resolução e extinção de muitas agressões por parte do sistema capitalista em relação a classe?
ResponderExcluirOs profissionais da saúde se comportam como super heróis de revistas de quadrinhos, pois nunca dormem e precisam sempre está atentos para resolver o primeiro problema que aparecer. Porém, esquecem que são feitos de carne e osso e que por isso o corpo possui limitações.
ResponderExcluirO triste é que muitas vezes essa atitude não é uma escolha própria, mas uma necessidade de alcançar um salário digno para que seja capaz de arcar com todas as suas despesas. Nessa busca encaram dois, três, até quatro empregos em locais distintos, emendando o horário de um emprego no outro, comprometendo quase 100% de sua semana.
Sem horário para distrair a mente, a exaustão acompanha esse profissional incansavelmente, a ponto de direcioná-lo para o uso de drogas. Os fármacos e psicofarmacos são usados para forçar o corpo a aguentar mais o estresse vivido e assim a rotina não é quebrada devido a uma enfermidade.
É absurdo que vivamos uma situação assim. Precisamos de salários dignos para esses profissionais e precisamos de um limite de carga horária capaz de ser suportado pelo corpo humano, e não por uma máquina.