terça-feira, 3 de janeiro de 2017

BREVE HISTÓRICO DA ENFERMAGEM

A história da enfermagem está diretamente ligada à origem das práticas de cuidado. Entretanto, esse cuidado profissional se difere daquele genérico, mundialmente conhecido, que diz respeito a ações de pessoas com certa maturidade, respeito e compaixão ao outro. A título de exemplo têm-se o cuidado de uma mãe por um filho.
O cuidado é a prática mais velha do mundo, era um método de sobrevivência no intuito de recuar a morte. Os homens cuidavam do território, repeliam o inimigo, protegiam a família e os pertences. Quanto às mulheres, cabia a elas cuidarem das crianças (a fim de manter a vida humana), da alimentação e das plantas.
Logo depois, o olhar mágico dominava os cuidados em saúde, relacionando-o a presença de demônios e/ou maldições. Não havendo praticamente destaque algum para as práticas de enfermagem.
Já na sociedade feudal as práticas de enfermagem (ainda de forma leiga) estão diretamente ligadas ao cristianismo. Nas igrejas, as irmãs de caridade distribuíam esse cuidado espiritualmente, e, eram as únicas dignas de exercê-lo, devido à pureza que possuíam. Até o século XVII a religião era a principal fonte dessas práticas, através da filantropia e da caridade.
Dessa forma, surgem as “enfermeiras” consagradas, com dedicação exclusiva aos sofredores, ou seja, a aqueles que necessitavam de cuidados.
 Assim, o cuidado da enfermagem passou a ser visto como uma característica da mulher, legitimado e aceito pela sociedade. Apesar de ainda ser visto como um sacerdócio, não como uma profissão.
Durante algum tempo a enfermagem ficou sem fundamentos, agindo de forma empírica e ligada, quase que exclusivamente, aos hospitais religiosos - os quais eram considerados depósitos de doentes.
A Revolução Industrial abriu brechas para o surgimento da Enfermagem moderna na Inglaterra no século XIX, tornando-a uma atividade profissional institucionalizada. Juntamente com isso, a medicina avançou influenciando na reorganização dos hospitais, colocando o médico como principal agente e a enfermeira como sua auxiliar.
Nessa época, as condições de saúde eram péssimas, pois predominavam doenças infectocontagiosas, e não haviam cuidadores qualificados para atender tal situação.
Deste modo, as pessoas da classe alta eram cuidadas em seus próprios lares, enquanto, que os pobres continuavam dependendo da caridade e eram usados como objetos de experiência.
Nesse contexto, surge Florence Nightingale, convidada pelo Ministro da Guerra da Inglaterra para trabalhar junto aos soldados feridos em combate na Guerra da Criméia.

 

Florence Nightingale nasceu em 12 de maio de 1820, na Itália (Florença) e era filha de ingleses. Diz-se que sua inteligência sobressaía a dos demais, que tinha tenacidade de propósitos, determinação e ainda perseverança – o que lhe permitia dialogar com políticos e oficiais do Exército, fazendo prevalecer suas ideias.
Esta notável italiana tinha domínio de diversas línguas (inglês, francês, alemão, italiano, além do grego e latim).
Diverso e longo foi o caminho percorrido por ela para capacitar-se ao exímio exercício da enfermagem.
Sobre o assunto, também aponta, em seu site oficial, a UNIFAP (Universidade Federal do Amapá):
Em 1854, a Inglaterra, a França e a Turquia declaram guerra à Russia: A Guerra da Criméia. Os soldados ingleses acham-se no maior abandono. A mortalidade entre os hospitalizados é de 40%.

Florence partiu para Scutari com 38 voluntárias entre religiosas e leigas vindas de diferentes hospitais. Algumas das enfermeiras foram despedidas por incapacidade de adaptação e principalmente por indisciplina. Florence é incomparável: estende sua atuação desde a organização do trabalho, até os mais simples serviços como a limpeza do chão.
De pouco a pouco, os oficiais e soldados começam a curvar-se e a enaltecer a Miss Nightingale.
Segue ainda informações da UNIFAP:
A mortalidade decresce de 40% para 2%. Os soldados fazem dela o seu anjo da guarda e ela será imortalizada como a “Dama da Lâmpada” porque, de lanterna na mão, percorre as enfermarias, atendendo os doentes. Durante a guerra contrai tifo e ao retornar da Criméia, em 1856, leva uma vida de inválida. Porém, dedica-se com ardor a trabalhos intelectuais.
Florence ainda recebe um prêmio do Governo Inglês, pelos trabalhos desempenhados na Criméia. E graças a este prêmio, consegue iniciar o que para ela é a única maneira de mudar os destinos da Enfermagem – uma Escola de Enfermagem, em 1859.
Enquanto isso, no Brasil a história da Enfermagem inicia no período colonial. Com destaque para as Casas de Misericórdia originadas em Portugal.
Outrossim, deste período (Colonial) até o fim do século XIX é compreendida a Organização da Enfermagem na Sociedade Brasileira, que realiza suas análises a partir do contexto social da coletividade brasileira em formação.
Também é importante salientar que muitos desses cuidados eram realizados por escravos que trabalhavam nos domicílios ou auxiliavam os padres e freis.
A primeira sala de partos funcionava na Casa dos Expostos, em 1822. Essa casa foi fundada por Romão de Matos Duarte em 1738, porém a preocupação com a maternidade só aparece em 1822. Poucos anos depois isso deu abertura para o desenvolvimento da escola de parteiras no Brasil.
No Império, raros foram os nomes que se destacaram, no que diz respeito à enfermagem brasileira. No entanto, Ana Neri merece especial menção.

 Ela nasceu em 13 de dezembro de 1814. Seu nome: Ana Justina Ferreira. Seu nascimento ocorreu na Cidade de Cachoeira, Província da Bahia. Casou-se com Isidoro Antonio Neri, ficando viúva aos 30 anos. Teve dois filhos (um médico militar e um oficial do exército), ambos foram convocados a servir a Pátria durante a Guerra do Paraguai (1864-1870), sob a presidência de Solano Lopes.

Ana Neri colocou-se à disposição de sua Pátria, improvisou hospitais em campo de batalha, e não mediu esforços na dedicação a cada atendimento a feridos que realizou.
Depois de longos cinco anos, ao retornar para o Brasil, é recebida com carinho e louvor (em sua cabeça puseram uma coroa de louros e Victor Meireles pintou sua imagem – imagem essa colocada no Edifício do Paço Municipal).
Acerca deste retorno de Ana Neri ao Brasil após a Guerra, a UNIFAP (Universidade Federal do Amapá) menciona em seu site oficial que:
O governo Imperial lhe concede uma pensão, além de medalhas humanitárias e de campanha. Faleceu no Rio de Janeiro a 20 de maio de 1880. A primeira Escola de Enfermagem fundada no Brasil recebeu o seu nome.
Com isso, verifica-se o desenvolvimento da Enfermagem e alguns dos precursores da mesma. Vide Ana Neri e Florence Nightingale. É certo que, apesar dos avanços, os profissionais da área, esperançosos, aguardam por novas conquistas a serem alcançadas.


REFERÊNCIAS:
1.      COLLIÈRE, Marie-François. Promover a vida. Da prática das mulheres de virtude aos cuidados de enfermagem. Lisboa: Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, 1989.
2.      SCLIAR, Moacyr. Do Mágico ao Social. Trajetória da Saúde Pública. São Paulo: Editora SENAC, 2002.
3.      SILVA, Graciette Borges da. Enfermagem profissional. Análise Crítica. São Paulo: Cortez, 1986.
4.      MELO, C. M.M. Divisão Social do Trabalho e Enfermagem. 1. ed. São Paulo: CORTEZ, 1986. v. 1. 84p.
5.      HISTÓRIA DA ENFERMAGEM. Disponível em: http://www2.unifap.br/enfermagem/sobre-o-curso/historia-da-enfermagem/ Acesso em: 03 de Janeiro de 2017.
6.      HISTÓRIA ENFERMAGEM. Disponível em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAkVgAC/historia-enfermagem/ Acesso em: 03 de Janeiro de 2017.

Responsável pela postagem: GRUPO 01 (Camila Martins, Camila Santana e Raquel Araujo)

20 comentários:

  1. Da para perceber o quanto a profissão passou por constantes mudanças, e creio que ainda passará por muitas mais. A luta pelo reconhecimento da profissão foi marcada pela atuação de grandes mulheres, creio que a "feminização" da enfermagem, também possa ser um reflexo dessa grande atuação feminina.
    O texto aponta um convite por parte do ministro, para que Florence se juntasse ao trabalho durante a guerra, mas na verdade, a própria Florence ao ter conhecimento do que se passava na guerra, pediu para que fosse mandada para la. Ela escreveu uma carta para o ministro de guerra, que era seu amigos pessoal, oferecendo os seus serviços (segundo o livro de Taka Oguisso) e cuidou de todo o processo de recrutamento das outras enfermeira que à acompanharia até a guerra.

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  2. Acho muito interessante essa “linha do tempo” das práticas de cuidado. Desde o cuidado inerente a todo o ser humano, até as práticas de cuidado da enfermagem, transitando pelo místico, religioso e, por fim, científico.
    A enfermagem percorreu um longo caminho até ser oficializada, e ainda continua encontrando dificuldades em seu caminho – visto que é uma profissão muito nova e ainda tem muito o que inventar e se reinventar -, e a contribuição de Florence, assim como de Ana Neri, foi, sem dúvida, essencial para o avanço da profissão.

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    1. Isso mesmo, Eduardo !! A enfermagem ainda encontra muitas dificuldades pelo caminho, mas com muita luta nós estudantes, juntamente com os profissionais da enfermagem conseguiremos cada vez mais vitórias !!!.
      Você destacou muito bem a importância de Florence e Ana Neri na história da profissão !!
      Adorei seu comentário !!! 😊😉

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Concordo com o colega, achei muito interessante essa linha do tempo que vocês construíram, é importante saber que desde sempre a saúde era privilégio de quem tinha dinheiro e quem não tinha dependia da caridade dos outros. Até hoje infelizmente ainda se vê esse cenário. Gostei do breve histórico da vida de Florence e de Ana Neri, eu particularmente nunca tinha tido a curiosidade e ninguém nunca me contou como essas mulheres fortes contribuíram para a Enfermagem. Recomendo assistirem também, o filme "A vida de Florence", descobrir esse filme no Youtube e ele conta um pouco mais sobre a vida dessa mulher.É importante sempre salientar como as mulheres tem um papel importante para o avanço de uma profissão, mulheres muitas vezes esquecidas e ignoradas.

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  5. Ainda existem muitas conquistas almejadas pelos profissionais de Enfermagem, porém não podemos deixar de lado todas as já alcançadas. Por exemplo, um dos problemas ainda enfrentados é ideia de subordinação das enfermeiras, que, durante a história da Enfermagem, ao laicizar-se, é vista como auxiliar do médico, perseverando até os dias de hoje essa ideia retrograda e minimizadora da profissão. Entretanto, é fato sabido que o reconhecimento da prática de cuidado como profissão e não mais como ofício foi uma das primeiras conquistas destacáveis da profissão. Além disso, suas representantes são de fundamental importância para o enaltecimento das enfermeiras, uma vez que afastam a visão anódina das enfermeiras já que são mulheres decididas e enérgicas, que enfrentaram cenários de guerra.

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  6. Realmente essa linha do tempo é muito interessante e nos traz exatamente para situação da enfermagem de hoje, ainda um pouco desvalorizada como profissão já que as pessoas ainda a enxergam como mero cuidado, o cuidado que qualquer um pode dar como é citado no texto, mas poucos compreendem que o cuidado de enfermagem ultrapassa esse simples cuidado de instinto. Desde sempre a enfermagem possui uma forte presença de mulheres tanto de maneira comprovada através de pesquisas como em sua história que o texto cita suas mulheres fundamentais para a disseminação da enfermagem no mundo. Tendo muito ainda o que caminhar, a enfermagem vai galgando o seu lugar de direito tanto perante a sociedade, como para impor respeito no meio profissional e deixar de ser vista como a auxiliar do médico como era tida antigamente, a enfermagem é uma profissão independente como qualquer outra e não deve ser submissa de nenhuma outra.

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  7. Adorei a postagem. Compreender o processo histórico do surgimento da profissão até a importância dessas mulheres incríveis, ajuda a obter um olhar crítico diante da realidade atual, na qual muitos profissionais da Enfermagem vivenciam fastidiosamente. É admirável saber que essa profissão, formada tão recentemente, possui uma dimensão histórica e uma bagagem ampla de lutas, resistências, derrotas e vitórias, mas que ainda tem muito a batalhar por melhorias, avanços e reconhecimento. Batalhas essas, promovidas por muitos no decorrer do tempo e principalmente por Florence e Ana Neri, são exemplos que servem de inspiração para os profissionais atuais.

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  8. É muito importante expor o histórico de lutas da profissão, principalmente pelo destaque das mulheres na mesma que deve ser reafirmado sempre que possível. A enfermagem foi uma profissão que nasceu em um contexto degradante e com um objetivo ainda pouco abrangente, mas que através das lutas embatidas pelos profissionais tem angariado direitos e vitórias, apesar de ainda ter muito a conquistar, como o reconhecimento e maior humanização do serviço.

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  9. É importante conhecer a história por trás da Enfermagem para que assim se possa enxergar as conquistas, os avanços e os desafios futuros da profissão. Por surgir inserida no contexto da prática de um cuidado como descrito no início do texto e subordinada ao sujeito médico torna-se comum a ignorância da sociedade em não saber diferenciar atualmente as práticas médicas do exercício da enfermagem e não compreender o conceito de cuidado em sociedade individual e capitalista já que muitos enfermeiros insistem em copiar ações médicas, dificultando dessa forma, a valorização e o reconhecimento do profissional. Florence e Ana Neri nos deixam conquistas como o conhecimento a possibilidade de perseverar e abre caminho para a moldagem da Enfermagem

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  10. Sem querer ser a doida que traz o feminismo para tudo - mesmo que eu, de fato, seja - mas é tão inspirador ver que mulheres foram pioneiras nessa área. Apesar das praticantes terem sido vistas com maus olhos em seus primórdios, a Enfermagem sempre foi tão importante para a Saúde quanto é agora, eu acredito; E, a Ana Neri é uma grande influência para quem eu sou como pessoa e como quero ser como profissional - coragem, amor, e cuidado, apesar de muito esquecidos nos dias de hoje, são muito importantes (alguns mais no caráter, outros profissionalmente falando).

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  12. Polemizar é apontar prostitutas, escravos e madres como os verdadeiros praticantes do cuidado de certo período. Dizer que são os primeiros enfermeiros seria um absurdo? O que diria a sociedade hipócrita?
    Não é novidade que a divisão de trabalho esteve intimamente ligada ao gênero, além de vivermos o reflexo da realidade de outrora. Diante a essa realidade imposta, no entanto, ergue-se duas personalidades singulares: Florence Nightingale e Ana Nery. Duas enfermeiras notáveis que revolucionaram as práticas de cuidado e trouxeram mudanças benéficas a saúde mesmo num período de contexto retrógrado.
    Vale salientar ainda que nem mesmo aqui é ausente os privilégios que a riqueza material garantiu aos nobres em detrimento do povo utilizado como cobaias. Nesse cenário, nota-se o quanto a política e a riqueza abala a saúde.

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  13. Polemizar é apontar prostitutas, escravos e madres como os verdadeiros praticantes do cuidado de certo período. Dizer que são os primeiros enfermeiros seria um absurdo? O que diria a sociedade hipócrita?
    Não é novidade que a divisão de trabalho esteve intimamente ligada ao gênero, além de vivermos o reflexo da realidade de outrora. Diante a essa realidade imposta, no entanto, ergue-se duas personalidades singulares: Florence Nightingale e Ana Nery. Duas enfermeiras notáveis que revolucionaram as práticas de cuidado e trouxeram mudanças benéficas a saúde mesmo num período de contexto retrógrado.
    Vale salientar ainda que nem mesmo aqui é ausente os privilégios que a riqueza material garantiu aos nobres em detrimento do povo utilizado como cobaias. Nesse cenário, nota-se o quanto a política e a riqueza abala a saúde.

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  16. Ao ver essa parte histórica da enfermagem, não estamos deixando de olhar para o que também é nossa história. Cada conquista, cada batalha que ainda dura, fazemos parte de tudo isso, quando escolhemos essa profissão, escolhemos para nós a história construída por Florence e Ana. É possível compreender a dimensão do processo de construção inicial da enfermagem, um trajeto árduo e lindo, é com orgulho e grande admiração que olho para tudo isso. Essas duas mulheres fizeram das dificuldades suas motivações, deram o seu melhor mesmo diante da falta de condições adequadas de trabalho, estiveram dispostas a dedicar-se em prol do outro ao ponto que também deixaram seu legado de lutas as quais devemos dar continuidade e buscar colocar a enfermagem no mesmo patamar de valorização que é dado a medicina, não aceitar que essa hierarquização continue a predominar e que esse modelo hegemônio (biomédico) seja o centro do trabalho dos profissionais de saúde!!

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    1. Muito interessante a perspectiva que o texto trouxe! Faz refletir não apenas ao que é a enfermagem, relacionando-a às práticas de cuidado e diferenciando de um cuidado materno, de uma ligação de amor, ao mesmo tempo que não deixa de ser um ato por amor, não necessariamente ao indivíduo, mas à prática do que se faz. Ao mesmo tempo, o texto remete também à importantes nomes que contribuiram para a constituição dessas práticas como modelo diferenciado do então "cuidado genérico", e isso foi, de fato, fundamental para a criação das escolas de enfermagem e para o estabelecimento a título de profissão.

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  17. Em nome de toda equipe dessa postagem, venho por meio desse comentário retratar um erro comum à maioria das pessoas que de fato não conhecem a história da enfermagem no Brasil.
    Como iniciantes nessa construção do conhecimento, que é o aprendizado, erroneamente colocamos Anna Nery no mesmo patamar de Florence Nightingale.
    Socialmente aprendemos que Anna Nery foi uma mulher que foi condecorada no Brasil pelos seus cuidados com a saúde do outro durante uma guerra. Contudo, quando fomos estudar de maneira mais profunda descobrimos outro olhar para essa história.
    Não existem documentos que relacionam Anna Nery com a enfermagem. O que sabemos é que ela pediu autorização para ir para a guerra do Paraguai “por motivos do coração”, como diz a própria carta.
    Mas, o que foi a Guerra do Paraguai? Em poucas palavras, foi a derrota do Paraguai para Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) de forma catastrófica. Uma população foi praticamente disseminada por uma guerra originada por possibilidade do Brasil ter as terras do sul conquistadas por esse país. Essa guerra foi tão forte, que desde o seu fim no século XIX, o Paraguai enfrenta sérios problemas para se reconstituir como país de bom desenvolvimento, tendo sempre os piores índices da América do Sul.
    Quanto a Anna Nery, ela estava viúva e seus dois filhos haviam sido convocados para essa guerra. Sentindo-se sozinha, escreveu uma carta para Solano Lopez pedindo autorização para ir a essa guerra e ficar mais próxima dos seus filhos.
    Seu pedido foi consentido. E para justificar a ida de uma mulher católica, viúva e mãe de família para a guerra, escalaram-na na equipe das mulheres que iriam cuidar dos feridos de batalha. Isso era necessário, pois as mulheres só iam a guerra nessas condições ou como prostitutas para atender as “necessidades sexuais” dos soldados.
    Não existem registros sobre as ações de Anna Nery nessa guerra. Não há nenhuma contribuição feita por ela em documento, como existem comprovações das ações de Florence. Ela não sonhava com o desenvolvimento e reconhecimento da enfermagem. Pode ter realizado boas ações, porém nada que contribuísse para a construção da história da enfermagem.
    Ao retornar da batalha, Anna Nery teve uma recepção com honras e condecorações. Dessa forma, foi reconhecida nacionalmente como heroína, o que sempre foi uma prática do Brasil, escolher um herói.
    Concluímos que é necessário entender a realidade que existe por trás de cada heroísmo. Muitas vezes aqueles que são postos como protagonistas de uma história são apenas uma caricatura, e os que realmente trabalharam são vistos como apenas mais um.

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  18. Conhecer a Historia da Enfermagem é muito importante, saber de fato quem lutou e as conquistas realizadas até os dias atuais, vê mulheres, como Florence, deixando um legado importantíssimo na historia da Enfermagem, nos encoraja a seguir em frente, na busca de direitos e melhores condições de trabalho, devemos nos espelhar em mulheres como ela. Como a colega disse a cima, saber do real papel de Ana Nery, também e muito importante, para que não venhamos cometer enganos, e injustiças com quem realmente lutou e que merece o devido reconhecimento.

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