quarta-feira, 29 de março de 2017

75% dos profissionais de saúde já sofreram algum tipo de violência


Profissionais de saúde têm sido vítimas constantes de violência no ambiente de trabalho. Uma pesquisa realizada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) e pelo Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP) mostrou que 75% dos médicos e enfermeiros do estado já sofreram algum tipo de violência no ambiente de trabalho. Em primeiro lugar, foram relatados casos de violência verbal, seguidos de agressão psicológica e, por fim, física.
A pesquisa foi realizada com 5.658 médicos e profissionais de enfermagem no início do ano. O levantamento concluiu que a maioria dos casos de violência ocorreu no Sistema Único de Saúde (SUS). No geral, os principais agressores foram familiares ou acompanhantes de pacientes, seguido pelos próprios pacientes, durante o atendimento.
Falta de preparo
Para Bráulio Luna Filho, conselheiro do Cremesp, os médicos não são preparados, em sua formação, para lidarem com pacientes que os contestam, o que gera conflito.
“A violência é universal, mas no sistema privado é mais comum haver uma resposta a isso, como a criação de centros de acolhimento. No SUS, não há esse suporte.”, disse Luna Filho, durante o Encontro das Comissões de Ética de Medicina e de Enfermagem.
Apesar disso, a maioria (cerca de 70%) dos profissionais não fez nenhum tipo de denúncia. As principais razões para a omissão entre os médicos foi “não acreditar que a denúncia fosse levada adiante pelas autoridades” e “dificuldades para efetivar o registro das denúncias”. Já entre os enfermeiros foi pela “ausência de políticas de proteção às vítimas” e “medo de perder o emprego”.
Entre os enfermeiros que denunciaram, a maior parte o relatou o ocorrido para a chefia imediata, no entanto, poucos (17,4%) disseram que a situação foi resolvida. Para os médicos, foi questionado se o profissional continuou trabalhando no mesmo local: 66,5% disseram que sim, pois conseguiram superar o ocorrido. Por outro lado,  quando questionados se a violência ainda acontece no local de trabalho, 63,9% dos médicos e 62,7% dos enfermeiros entrevistados disseram que sim.
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Responsável pela publicação: Grupo 15 (Fernanda Castro e Vanessa Di Piero)

3 comentários:

  1. Gostei da abordagem desse tema que é de extrema importância para nossa reflexão. Lembrei um pouco da palestra de Cristina na semana passada sobre assédio no trabalho. É um pouco diferente a abordagem, mas são assuntos que estão ligados e merecem atenção, pois interferem diretamente no estado emocional e psicológico do profissional e sua satisfação com o trabalho. No caso da violência sofrida, por enfermeiras e médicos, pelos pacientes e seus familiares, muito está relacionada ao atendimento prestado por esses profissionais. Com certeza ao realizar um atendimento atencioso, humanizado e acolhedor, receberão de volta o mesmo tipo de tratamento, isso é natural. Porém, como ja foi discutido anteriormente, a carga horária de trabalho, com plantões excessivos e baixos salários, no caso da enfermagem, muitas vezes podem dificultar essa postura acolhedora. Mas isso não é e não pode ser justificativa para o distrato aos pacientes. No caso dos médicos, achei bem interessante o que foi dito na publicação, que se trata de uma classe profissional que não está acostumada e nem gosta de ser contrariada ou questionada. São os semi deuses, os possuidores da razão, logo, não podem ser em hipótese alguma contestados. Portanto, acredito que deve-se abrir sim a discussão sobre violência dentro do ambiente de trabalho, mas antes de qualquer coisa, é necessário fazer o debate entre os profissionais de saúde sobre sua postura no atendimento e o que pode estar levando índices tão altos (75%) de violência no trabalho.

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  2. É muito importante falar e relembrar esse tema de violência no trabalho, pois como vimos na reportagem existe uma porcentagem muito grande dessa violência contras os profissionais de saúde e isso deve ser discutido, buscando assim alternativas para o fim dessa problemática no ambiente de trabalho. Pois os profissionais já enfrentam grandes dificuldades em relação as condições precárias de trabalho, baixo reconhecimento, baixos salários e enfrentar portanto a violência acaba acarretando problemas ainda maiores, na vida do profissional.

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  3. Eu acredito que além de os médicos não terem uma formação que saiba lidar com conflitos, não tem uma formação humanística e isso acaba gerando uma violência dos dois lados. Todos sabemos que o atendimento que é prestado no serviço público, principalmente pelos profissionais de medicina. tá sendo longe do ideal e esse violência pode ser, o que não justifica NUNCA, apenas uma forma do paciente reivindicar pelos seus direitos.

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