Vamos iniciar conceituando um termo muito
visto na Filosofia, a ética.
Ética- 1. Estudo dos juízes de apreciação
referentes à conduta humana, do ponto de vista do bem e do mal. 2. Conjunto de
normas e princípios que norteiam a boa conduta do ser humano.
Com a definição dessa palavra podemos ver que
há normas e princípios que regem a sociedade. Essas normas são frutos do
percurso civilizatório, pois foi a partir do desenvolvimento da sociedade que
ações do estado se desenvolveram com vistas a “equilibrar tensões sociais.”
Logo, podemos dizer que quanto mais complexa a sociedade, mais complexos serão
os processos de controle e repressão do estado. Nesse sentido, o processo de
civilização traz uma noção limitada de liberdade e que modela a sociedade
desejada pelo Estado.
Agora vamos definir o conceito de liberdade,
buscado também no Dicionário Aurélio.
Liberdade- 1. Faculdade de cada um se decidir ou agir
segundo a própria determinação. 2. Estado ou condição de homem libre. 3.
Confiança, intimidade (às vezes abusiva).
Partindo desse outro conceito de liberdade, e
refletindo sobre a vida e a morte, lembramos do caso do homem belga que por não
se aceitar gay tenta receber uma autorização legal para morrer.
“Sempre pensei na
morte. O que sinto é um sofrimento permanente, é como estar aprisionado em meu
próprio corpo”, explicou o belga conhecido como Sébastien.
“É uma constante
sensação de vergonha, uma sensação de cansaço de estar atraído por quem você
não deveria. É como se tudo fosse ao contrário do eu que gostaria”, continuou.
Ao ser questionado
sobre a possibilidade de desistir da eutanásia ele demonstra ceticismo.
“Se alguém me
desse uma cura milagrosa, por que não? No momento, porém, eu não acredito mais.
Estou cansado.”
“O maior problema será contar para minha
família. Se eu receber um sim (a autorização para morrer), esse será o maior
problema.”
Vale lembrar
que na Bélgica a eutanásia é legal desde 2002, e que em 2013 houve 1.807
casos no país, a maioria deles de pessoas idosas sofrendo de doenças terminais
- apenas 4% tinham distúrbios psiquiátricos. A lei permite, inclusive, a
prática em crianças que estão em estado terminal. Além
disso, para ter direito à eutanásia, os pacientes precisam
demonstrar constante e insuportável sofrimento psicológico ou físico. Nos casos
de transtornos psicológicos, três médicos precisam concordar que pôr fim à vida
do paciente, caso essa seja sua vontade, é a melhor opção.
Porém, os especialistas
debatem se isso deveria se aplicar às pessoas que são mentalmente frágeis.
Caroline Depuydt,
psicóloga que trabalha no hospital psiquiátrico Clinique Fond’Roy, em Bruxelas,
diz que prefere encorajar pacientes a buscar tratamento.
“Sempre temos algo
que pode funcionar. Tempo, remédios, psicoterapia - algo que precisamos tentar
e perseverar. O psiquiatra sempre precisa dar esperanças ao paciente de que as
coisas não terminaram”, afirmou ela.
“É uma lei
difícil, que envolve questões filosóficas e éticas. Não há uma única resposta.”
Então caro
leitores... É isso! O importante é refletirmos sobre o assunto e lembrarmos que
permitir ou não que a pessoa decida sobre a própria morte não se refere somente
a casos de doenças terminais, como imaginamos na maioria das vezes, mas também
à pessoas que não se aceitam e não querem mais seguir com a vida. Portanto, dentro
da nossa liberdade, nem tudo se convém, e ainda é preciso que as práticas
estejam de acordo aos ditos “bons costumes.”
Referências:
Responsável pela publicação: Grupo 09 (Amanda Morais, Ravive Silvão)
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ResponderExcluirDifícil falar o direito de decidir sobre a vida em uma sociedade complexa regida por normas ainda mais complexas em que se esperam que a normalidade seja regida por comportamentos já previstos e estabelecidos. Além do que o debate de questões como essas acentuam o quanto o termo liberdade em nossa sociedade é contraditório e de quanto a morte se constitui um tabu. O triste é saber que o paciente tem que alcançar um estágio insuportável de dor para garantir o direito á eutanásia ou em alguns casos se submeter á procedimentos que talvez não alcance o resultado almejado- a morte-.Se não há o respeito à escolha do outro como conquistar o direito de decidir sobre a própria vida?
ResponderExcluirNão havia lido ainda uma frase relacionada a esse assunto que me tocasse tanto quanto "é como estar aprisionado em meu próprio corpo". Incrível. Ela resume a agonia das pessoas que gostariam de realizar a eutanásia. Decidir sobre a morte é decidir sobre a vida, e vice versa. Enquanto a pessoa que gostaria de realizar eutanásia está viva, ela se conforma com a condição de viver e não gosta da condição de viver. É perturbador me imaginar numa situação como essa. A eutanásia é mais do que o direito legal de morrer, é o direito de não habitar um corpo que lhe engaiola.
ResponderExcluirHá uma enorme preocupação em lutar contra a morte, em adia-la o máximo possível, quem sabe até mesmo contorna-la. Como a maioria das pessoas pensa desta forma, encarar as que se portam de forma diferente, que veem a morte como uma solução por qualquer que seja o motivo, gera uma gama de preconceitos.
ResponderExcluirA eutanásia é um ótimo assunto a ser discutido, mas o que chamou a minha atenção nessa postagem não foi isso, mas o motivo que levou Sébastien a decidir por ela: a não aceitação da própria sexualidade. Será que ele decidiu pela eutanásia simplesmente por não se aceitar, ou a pressão social que está diretamente ligada à heteronormatividade o condicionou à auto rejeição? O desabafo de “sensação de estar atraído por quem não deveria” que ele desfere vem carregado de estigmas alimentados pela homofobia, que o levou a se sentir dessa forma a ponto de encarar a morte como única solução. Quando, na realidade, sentir-se atraído por quem ele se sente, simplesmente por acontecer desta forma, é natural e não deveria causar tanto sofrimento. Mas, como a maioria das pessoas não pensa desta forma, encarar as que se portam de forma diferente gera uma gama de preconceitos...
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ResponderExcluirTema bastante difícil de discutir: A eutanásia.
ResponderExcluirConstruímos a idéia de que esta prática é aceitar, sem lutar até os últimos recursos, pela vida do ente querido. Precisamos descontruir essa e outras idéias.
Priorizar o direito de decisão sobre a própria vida é, na minha opinião, o mais acertado a se fazer (O mesmo se aplica, por exemplo, ao direito e legalização do aborto).
Eu acho que a não legalização da eutanásia é mais uma forma de controle dos corpos. Vimos que depois da Igreja, foi a medicina que desempenhava esse papel regulador. No caso da eutanásia a questão é ainda mais delicada, pois envolve crenças e ideologias. As pessoas que não concordam não podem inferir no desejo de cada um, assim como ocorre em relação ao aborto. Se a pessoa não deseja realizar a eutanásia, isso não pode interferir no DIREITO da outra poder escolher a respeito da própria vida. É inerente ao homem tentar evitar a morte, vimos que em grande parte as práticas de cuidado têm o intuito de preservar a vida, por isso talvez a eutanásia seja uma questão tão polêmica e com opiniões divergentes.
ResponderExcluirRecentemente o filme Como eu era antes de você, baseado no livro homônimo, trouxe à tona essa discussão. Em um trecho a mãe do personagem principal diz que: "Nunca tive a intenção de colaborar com a morte do meu filho". Mesmo assim, depois de muitas questões pessoais, ela o compreende. Quando li fiquei muito chocada, mas seria algo que eu também faria, pois eu tenho certeza que preferiria ver um ente querido meu ter a possibilidade de escolher o momento que deseja findar sua vida, do que vê-lo com um sofrimento constante e insuportável como dito acima.
A questão mais impactante nesta postagem é o depoimento do Sebastian de que quer tirar a sua vida, por não suportar ser quem é. Esse depoimento nos faz questionar : será que somos livres? Ou até que ponto somos livres?
ResponderExcluirSerá que a nossa sociedade já acordou para a quantidade de doenças psicológicas e psicossomáticas que o cerceiamento da liberdade pode provocar? O desejo de Sebastian é o mesmo de muitos e muitas pessoas que percebem que lutar contra o sistema é muito complexo já que ele nos engole de forma violenta. A solução pra que o Sebastian não faça a eutanásia é simples: respeito às diferenças e liberdade. Quando será que poderemos ser quem somos, sem medo e com orgulho?
Aluna: Jéssica Laís Frexeira
Esse é um assunto muito delicado. Sim, acredito que cada pessoa deveria ter o direito de escolha entre morrer ou continuar viva em alguns casos, onde a saúde, a independência e a qualidade de vida estejam totalmente comprometidas.
ResponderExcluirPenso que falar sobre eutanásia é questionar não só sobre a liberdade que possuímos, mas sobre o poder do Estado em nossas vidas. Que tipo de liberdade é essa, na qual não podemos decidir em que momento desligar os aparelhos? Somos obrigados a sobreviver em um corpo que já está desfalecido. E as pessoas que estão nesta situação? Será alguém já se colocou no lugar delas? Ninguém se colocou no lugar delas, porque é mais fácil se esconder atrás de um Estado que se diz laico, justificando essas proibições com discursos religiosos ou outros discursos sem uma noção da realidade.
ResponderExcluirEutanásia é um tema bastante delicado, e que não é discutido suficientemente. Julgar o outro por decidir realizar a eutanásia é fácil, porém se colocar no seu lugar, sentir seu sofrimento, sua angustia é bem difícil. O que chama mais atenção nessa reportagem é o real motivo dele querer a eutanásia, o que nos faz refletir sobre a sociedade em que vivemos, sobre os paradigmas e preconceitos que cometemos. Sentir-se preso, sufocado por conta da opinião das pessoas, deve ser devastador.
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